Neste sábado (11) faz exatamente 01 mês que oficialmente foi decretada a pandemia de Covid-19, pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
E como o mundo mudou depois desse dia…
E como todos nós mudamos…
Sim, eu me incluo nisso.
Faz quase um mês que não coloco o pé fora de casa. Não lembro exatamente o dia exato. Sei que foi num dia que fui ao shopping resolver algumas coisas. Na semana seguinte teria minha última semana de pós-graduação. Nem me despedi presencialmente dos meus amigos da turma e da faculdade. Ficou pra sabe lá quando.
Tivemos que nos adaptar e concluir o curso de forma online mesmo. Foi bom, mas ficou faltando alguma coisa. Faltou aquela sensação de dever cumprido. Pronto, não fiz absolutamente mais nada depois disso. Tirando uns dois cursos online, algumas coisas esporádicas pra ocupar a mente e preservar a saúde mental. Mas inevitavelmente consumir notícias sobre esse vírus diariamente acaba fazendo parte desse processo.
É uma sensação estranha. Por um lado, sinto medo. Primeiro que não imaginei na vida nessa altura do campeonato vivenciar uma pandemia e viver uma quarentena. No futuro, possivelmente isso aconteceria. Medo também por ter pais como pessoas de grupo de risco em minha casa, medo também de me contaminar e não saber como meu corpo reagiria. Isso me assusta e as vezes me tira o sono. Tenho muita dificuldade pra adormecer depois disso, mas quando pego o embalo o sono tem sido como uma pedra ao menos. Mas, não sou uma pessoa pra ficar assim, preso no meu quarto como se estivesse numa gaiola. Não é de mim. Mesmo eu tendo minha deficiência nunca fiquei tanto tempo preso em casa. Parece até que voltei aos velhos tempos de criança quando minha vida (antes do colégio) era ficar em casa semanas e só sair uma vez ou outra no fim de semana (não quando queria, quando meus pais podiam).
Me assusta também a incerteza de quando isso vai passar e como vai terminar. Já me conformei que isso não será simples. E quando as coisas “voltarem ao normal”, não vai ser como antes daquele dia 11/03. Vai ter muitas restrições, muitos receios, muitos parenteses… Não consigo imaginar o mundo “normal” se não descobrirem um elixir até lá. Depois disso, talvez as coisas voltem. Será que até lá nada vai me atingir? É o que eu peço e tenho meditado e pedido muito para que não aconteça. Não posso ter controle sobre isso, mas é o que eu peço toda noite antes de dormir.
Mas, nem tudo é só pessimismo…
Eu tenho tentado fazer coisas novas. Digo a vocês sem medo. Que orgulho do caralho de ser jornalista nestes tempos. E ver aos poucos as pessoas voltando a valorizar a minha profissão, tão achincalhada de anos pra cá. É massa você ver as pessoas vendo TV, procurando notícias confiáveis, preocupadas com as fake news… Tudo aquilo que me ensinaram nos quatro anos de faculdade e que com orgulho vejo se confirmar. Isso me conforta. Muito.
No mais eu tenho tentado me divertir com o que dá. Um videogame ali, jogos antigos no YouTube acolá… Futebol não tem me feito tanta falta. Pra falar a verdade nem tenho me preocupado tanto com os esportes em sí (é a menor das prioridades agora). Me exercito todo santo dia na esteira, procuro comer bem, lavo as mãos, produzo meus podcasts (Love Line e Sportices)… tento me proteger. Saí de alguns grupos de whatsapp para não ficar só falando de vírus… Mas não há como não sentir um pouco de medo.
E falando em podcasts, a música tem me ajudado muito. Tenho descoberto sons novos, coisas novas pra ouvir e tentar relaxar. Ajuda e recomendo que você faça também.
Sei que isso vai passar. Não é o apocalipse e nem um The Walking Dead da vida real. Mas pode ser o “fim” de um modelo de mundo que a gente tinha e idealizava ser o ideal. Totalmente equivocado, sem cuidar da saúde, das pessoas, sem dar valor ao fato de estar em casa, sem prestar atenção nas pequenas coisas.
Esse mundo sim, se acabou de vez não faz falta. Que comece um novo mundo e uma nova forma de viver, de produzir, de criar, de se cuidar… se 10% da humanidade repensar seus hábitos depois desta pandemia, já será lucro e teremos um mundo um pouco melhor pra viver lá pra frente.
Mas agora só resta pacientemente aguardar, mentalizar e se proteger. E nos proteger. Que o escudo seja forte!
Se cuidem. Uma hora volto a escrever de novo aqui.